12 de agosto de 2018

CONHECENDO AS BELEZAS NATURAIS DO SÍTIO RIACHO DA LUÍZA DE VENTUROSA/PE (PARTE III)

Na superfície da terra, as rochas sofrem a ação de diversos fatores, como o calor, frio, chuva, vento, neve e gelo. Durante milhares de anos, uma rocha vai se partindo em pedaços e vão ficando cada vez menores e sendo arrastados para outros lugares. 


De cima da serra do Letreiro tivemos essa vista panorâmica. A frente visualizamos um conjunto de serras, todas com os mais variados tipos de rochas. Então, esses pequenos fragmentos vão se acumulando, se apertando e se depositando uns sob os outros, formando novas rochas que, por serem constituídas por sedimentos acumulados, recebem o nome de Rochas Sedimentares. 


O lajedo do Urubu é uma rocha sedimentar. Esse tipo de rocha compreende 80% da superfície dos continentes, ou seja, um dia esse lugar foi fundo do mar.

Depois de escalar por dentro do mato a subida da serra do Letreiro, ao a gente pode ver a serra de Padre Basto. Essa região serrana do município de Venturosa, que antes chama-se Vila Boa Sorte, mas, que pertencia a Província de Buíque, tem em relatos históricos que comprovam a influência de fazendeiros sobre os escravos que vieram na época.

No meio dessa vegetação de caatinga, segundo moradores, já encontraram botijas e túmulos com restos mortais, há poucos metros da serra do Letreiro.

Há evidências de que os grandes fazendeiros dessa parte do agreste pernambucano, especialmente na região do Riacho da Luiza, Boqueirão e Ouro Branco,  eram possuidores de escravos. 
Em documentos históricos do município de Venturosa, tem como fazendeiro citado, João Antunes Bezerra, quando  em uma das suas fazendas foi encontrado o registro de uma escrava chamada Faustina, sem profissão, matriculada sob o número 805 no registro geral do município de Buíque e que pertenciam às órfãs Maria e Santina feita pelo tutor das mesmas, o senhor Aniceto Antunes Bezerra.

A partir que esse blogueiro foi fotografando os espaços que a vegetação proporcionava durante a trilha, rumo a serra do Letreiro, relatos históricos foram sendo repassados por moradores dessa região. Entre os relatos, consta que uma escrava tinha uma criança de colo de cor parda, do sexo feminino, batizada por Maria. Esse documento foi registrado na Província de Pernambuco, Município de Buíque, Paróquia de Pedra em 30 de outubro de 1873. Nesse período, Venturosa era apenas uma vila.

Essa vegetação que você ver nessa foto que eu registrei, está na rota de uma das fazendas que outrora fez parte do mata da escravidão. Embora poucos tenham conhecimento disso, durante o século XIX a maioria dos escravos pernambucanos não estava na Zona da Mata, mas, no Sertão e no Agreste intermediário e, quase dois terços destes, pertenciam a senhores que tinham entre 10 e 20 escravos.


O lajedo da Luiza, na zona rural de Venturosa, que está entre serras, serrotes, vales e riachos, mostra que a chuva que caiu nos anos de 2017 e 2018, não foram suficientes para o plantio, muito menos para o consumo humano. A vegetação dos sítios que ficam no entorno do Riacho da Luíza, começam a mudar de cor, não por que a primavera está para começar, mas, pelas altas temperaturas que começaram a ficar fixa. Comumente, toda essa região tem temperaturas elevadas em boa parte dos meses do ano. 

Na minha passagem pelo Riacho da Luiza, conheci o senhor Zé Bento e o filho, Gui, moradores da região. Foi com eles que fizemos uma trilha no meio da caatinga para descobrir os mistérios do local. Como citei em outras postagens, foi uma caminhada que durou aproximadamente 04 horas, entre ida e volta. Nesse percusso rumo a pedra do Letreiro, onde tem marcas visíveis do homem pré-histórico e de ações por índios que habitaram a região há milhões de anos.

Entre cactos e uma variedade de árvores, tipo, coqueiros, umburanas de cheiro, angicos, catingueiras, cipós, pudemos observar que os rios São Francisco e Parnaíba são fundamentais para a vida desse bioma. Eles nascem em outros lugares, mas cruzam a Caatinga por terrenos quentes e secos.
Pelo meio da caatinga, encontrei uma planta chama de mutamba muito popular no mundo da medicina alternativa. Seus poderes de cura estão presentes em suas cascas e frutos.
A planta, também conhecida por embira vermelha, embireira ou embirú, tem propriedades medicinais ótimas para o organismo. De quebra, ela ainda é usada em diversos tratamentos estéticos.
A bebida feita a partir das sementes de mutamba esmagadas e misturadas com água ajuda a tratar problemas como diarreia, gripe, resfriado, tosse e febre.


Apesar das condições severas, é possível encontrar uma diversidade de ambientes na Caatinga. A flora é uma resposta à variação na disponibilidade de água e nutrientes, formando um mosaico de diferentes tipos de vegetação adaptada ao tipo de solo e a disponibilidade de água. A fauna é bastante diversificada, sendo representada por muitas espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, dentre outros.

 
Nesse tour pela região do sítio Riacho da Luíza, descobrimos e aprendemos muita coisa, por exemplo, os solos desse bioma chamado de caatinga possuem alta variabilidade, com maior ou menor capacidade de reter as chuvas. A quantidade de nutrientes é influenciada pelas mesmas características que influenciam a retenção de água. 

Próximo a serra do Letreiro, descobrimos os mistérios e mal-assombros que rondam por lá. Até botija já foi encontrada nesse local.
Os solos mais argilosos retêm mais água e nutrientes, já os de textura mais arenosa tem pouca capacidade de retenção. Fragmentos de rochas são frequentes na superfície, resultando em um solo com aspecto pedregoso.

Na próxima e última parte dessa série de reportagens sobre as belezas naturais do Riacho da Luiza, zona rural de Venturosa, você conhecerá as pinturas rupestres existentes na serra do Letreiro.

Aguardem!

CONHECENDO AS BELEZAS NATURAIS DO SÍTIO RIACHO DA LUÍZA DE VENTUROSA/PE (PARTE II)

O lajedo da Luiza localizado na zona rural de Venturosa, está há poucos metro da BR-424, distante de Venturosa 09 km e 04 km da Vila do Tará. É um lugar místico que para alguns, mal assombrado. O lajedo tem seus 500 metros de comprimento, 80 metros de largura e 30 metros de altura. Tem vários cortes na rocha que se transformam em caldeirões d'água no período das chuvas.

O lajedo da Luiza tem uma altura de 30 metros, porém, a subida é fácil por que a rocha é muito áspera e facilita a subida. A rocha granítica está no meio da vegetação de caatinga. Em cima do lajedo, há vários cactos, tipo, facheiros e "coroa de frade", como o povo conhece.

Ao lado do lajedo da Luiza tem a residência do senhor Zé Bento, agricultor que mora há mais de 40 anos no local. Interessante, que o "puleiro das galinhas" é um pé de romã, que servem de repouso para as galinhas criadas pela família.

A cor do solo depende do material de origem e do conteúdo de matéria orgânica (elementos vivos e não vivos compostos de carbono). O solo é mais escuro, por exemplo, quanto maior for a quantidade de matéria orgânica. A cor indica se ele é fértil ou não. Tons avermelhados ou amarelados estão associados a óxidos de ferro e, por isso, podem representar um terreno bom para plantação. O que fazer uma partícula de uma rocha amarelada depende da pigmentação ao seu redor.

A mistura de vegetação é muito comum nos interiores dos sertões brasileiros. A Caatinga ocupa cerca de 844.453 Km² de extensão e é o único bioma com distribuição exclusivamente brasileira. Estende-se por todo estado do Ceará e mais de metade da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte; quase metade de Alagoas e Sergipe, além de pequenas porções em Minas Gerais e no Maranhão. 

Essas rochas ficam em cima do lajedo da Luiza em Venturosa
Rocha é um agregado sólido que ocorre naturalmente e é constituído por um ou mais minerais ou mineraloides. A camada externa sólida da Terra, conhecida por litosfera, é constituída por rochas. O estudo científico das rochas é chamado de petrologia, um ramo da geologia. Os termos populares pedra e calhau se referem a pedaços ou fragmentos soltos de rochas.

Como explicar que um facheiro consegue ter vida em cima de uma rocha? No lajedo da Luíza você encontra rochas de vários tamanhos e formatos. Esse torrão nordestino é cheio de lendas e histórias mal-assombradas.

Ao percorrer cerca de 04 quilômetros no meio da caatinga, na zona rural de Venturosa, vivenciamos um estilo de sobrevivência diferenciado, justamente por que a temperatura acima de 30 graus, exige fôlego e disposição, além de um bom preparo físico. O nome Caatinga significa mata branca em tupi-guarani, fazendo uma referência à vegetação desse bioma no período de seca, que perde suas folhas e fica com aspecto esbranquiçado.


A SEGUIR CONFIRA AS PEDRAS E SUAS GEOFORMAS ENCONTRADAS NO SÍTIO RIACHO DA LUIZA EM VENTUROSA/PE


Pedra da Andorinha

Pedra da Embarcação

Pedra do Gafanhoto

Pedra do Caracol

Pedra do Carro

Pedra Rachada

Pedra do Letreiro

Pedra do Mandacaru

Pedra do Pênis
Pedra Oval

Pedra da Cavidade

Do lado esquerdo dessa foto está o lajeiro dos Urubus que é uma rocha de quase um quilômetro de comprimento, cravada no meio da caatinga. Uma vista panorâmica sensacional!


Em cima de uma rocha de pouco mais de 40 metros, pude ter uma vista panorâmica da região da serra redonda e do sítio Riacho da Luiza. A temperatura de 35 graus não foi o grande obstáculo até chegar a esse local, mas, o pequeno varedo dentro da vegetação de caatinga.


Isso é sinônimo de liberdade, de amor a natureza. De cima do lajedo da Luíza, ao fundo você ver a serra Redonda, lugar cheio de mistérios e lendas. Ouvi dos moradores, seu Zé Bento e do seu filho,Gui, que foi nosso guia de turismo, histórias de mal-assombros, inclusive, umas da fotos que fiz, apareceram vários rostos, provavelmente dos antepassados que habitaram pela região. 

Nessa região há vários tipos de rochas, todas provocadas por ações vulcânicas a milhões de anos.

ENTENDA COMO SÃO CLASSIFICADAS AS ROCHAS
As rochas podem ser classificadas de acordo com sua composição química, sua forma estrutural, ou sua textura, sendo mais comum classificá-las de acordo com os processos de sua formação. 
Pelas suas origens ou maneiras como foram formadas, as rochas são classificadas como ígneas, sedimentares, e rochas metamórficas. 
As rochas magmáticas foram formadas de magma, as sedimentares pela deposição de sedimentos e posterior compressão destes, e as rochas metamórficas por qualquer uma das primeiras duas categorias e posteriormente modificadas pelos efeitos de temperatura e pressão. 
Nos casos onde o material orgânico deixa uma impressão na rocha, o resultado é conhecido como fóssil.

CONHECENDO AS BELEZAS NATURAIS DO SÍTIO RIACHO DA LUÍZA DE VENTUROSA/PE (PARTE I)


 
O desafio desse sábado, 11/08, foi conhecer o sítio Riacho da Luíza, localizado na zona rural de Venturosa, agreste meridional de Pernambuco. De lá, fui conhecer a serra Redonda e toda sua região ao redor.

 
Debaixo de uma temperatura de 35 graus, por mais de 03 horas (ida e volta) percorremos uma verdadeira mata fechada, onde fomos descobrindo os mistério da região.

Para chegar ao pé da serra do Letreiro foi muito desafiador. Encarar toda a vegetação de caatinga por um varedo que foi sendo construído durante o percusso, foi uma verdadeira aventura. Veja que essa rocha tem uma cor diferenciada das demais.

Foram 04 quilômetros percorridos por dentro de uma mato fechado até chegar a pedra do Letreiro, onde tem uma caverna com marcas do homem primitivo, cheia de pinturas rupestres de vários tamanhos e formatos.

A cada metro percorrido no sítio Riacho da Luiza, fomos encontrando variadas geoformas de pedras. Essa é a pedra do Porco, localizada debaixo de catingueiras, aroeiras e outras plantas da caatinga.

 
De cima de uma das rochas na lateral da pedra do Letreiro, visualizamos a pedra do Urubu, já que essa ave rapina é comum de se encontrar nessa região cheia de serras.

 
Esse foi o caminho percorrido por mais de 3 horas no sítio Riacho da Luíza em Venturosa. Encontramos muitas árvores que exalam cheiros diferenciados. Xique-xique, mandacaru, catingueira, facheiro, cipó e muitos outros cactos que tem como função ajudar na proteção do bioma.

Nesse período, os pés de Angico secam suas vagens e muda a cor da folhagem e ao mesmo tempo exalam um cheiro suave que se mistura com outras árvores da caatinga.

 
A zona rural de Venturosa já sofre com a estiagem. Segundo moradores da região que visitei, a última chuva foi no mês de junho, mas, mesmo assim não foi o suficiente para encher os barreiros.
 
Com mais trinta dias, por exemplo, sem chuvas, a vegetação virará um deserto. Na região da serra do Tará e Riacho da Luíza, quem plantou, perdeu a coleta, seja de milho ou feijão.

 
Em todo esse trecho que engloba a região serrana do município de Venturosa, os seus moradores sobrevivem do abastecimento de carro pipa. Outros agricultores, conseguiram cavar poço artesiano ou cisternas. As rochas do sítio Riacho da Luíza tem uma coloração de vários estilos. 
 
O lajeiro do Urubú é um lindos locais para visitação. A vista panorâmica é de encher os olhos. Esse lajeiro tem aproximadamente 01 km de comprimento e largura que varia de 50 a 100 metros. 

 
Não tem como andar por um lugar assim e não fazermos um banco de imagens. Enquanto caminhava, pude fazer mais de uma centenas de fotos, todas com ângulos que expõem a beleza da caatinga.

 
De cima da pedra do Letreiro, pudemos ver todo o conjunto de serras quem toma de conta da zona rural do município de Venturosa. Segundo o histórico do município no início era apenas uma fazenda do proprietário José Antunes Bezerra, que ao atravessar um grande período de seca, recebeu de despedida de um amigo um esperançoso “boa sorte” para suportar tamanho castigo provocado pela estiagem.
Coincidência ou não, o dono da fazenda conseguiu suportar o longo período de seca sem perder o seu rebanho de gado. Sorte na qual José Antunes atribuiu as palavras de despedidas do amigo, e assim nomeou a sua fazenda de Boa Sorte.
 
Algum tempo depois, a pequena fazenda cresceu e se transformou em lugarejo que mais tarde veio a se chamar de povoado Boa Sorte, posteriormente, passou a categoria de vila, e em seguida de Distrito do município de Pedra/PE.

Segundo o ultimo Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, apontou Venturosa com uma população total de 16.052 habitantes. Nessa foto, foi uma parada para respirar mais forte e seguir a trilha até a pedra do Letreiro.

O município situa-se nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Ipanema. Seus principais tributários são os rios Ipanema, dos Bois e Cordeiro, e os riachos do Meio, Carrapateira, da Luiza, das Cabeceiras, Chã de Souza, da Pedra Fixa e Simão. Todos os cursos d'água são intermitentes.


Localizada no município de Venturosa a Pedra Furada, é uma das mais belas paisagens da região. A região faz parte do pólo Buíque/Pesqueira/Venturosa que é um dos sete pólos de ecoturismo de Pernambuco apresentado pela Embratur

Veja que espetáculo da natureza. Um pé de umbuzeiro conseguiu abraçar uma pedra que estava ocupando seu mesmo lugar. Essa mistura de força da natureza chama a atenção. Vemos que nem pedra e nem umbuzeiro cede. Até na natureza tem esses caprichos.

NA PRÓXIMA POSTAGEM SABERÁS UM POUCO MAIS DESSA AVENTURA.