12 de agosto de 2018

CONHECENDO AS BELEZAS NATURAIS DO SÍTIO RIACHO DA LUÍZA DE VENTUROSA/PE (ÚLTIMA PARTE)

Nessa última parte comentarei tudo vivenciado no lajedo da Luzia em Venturosa. Quando você transita pela BR-424, sentido Arcoverde, você desce a serra do Tará, que é bastante sinuosa e íngreme. A vila do Tará reúne cerca de 80 famílias, em sua maioria, todos parentes. Há 04 quilômetros, você chega no Riacho da Luiza, que inclusive, o riacho secou, mas existem várias mulheres com o nome de Luiza em todo o trecho da região.
Logo quando se chega no pé da serra do Letreiro, você se depara com essas pinturas rupestres, marca real da presença do homem pré-histórico na região. Na vida do Homem pré-histórico tinham lugar a Arte e o espírito de conservação daquilo de que necessitava. 
Estudos arqueológicos demonstram que o Homem da Pré-História (a fase da História que precede a escrita) já conservava, além de cerâmicas, armas e utensílios trabalhados na pedra, nos ossos dos animais que abatiam e no metal. 

Uma das primeiras formas que o ser humano encontrou para deixar seus vestígios foi a pintura. A arte rupestre consistiu na maneira utilizada para se ilustrar sonhos e cenas do cotidiano. Símbolos da vida, da morte, de céu e da terra foram encontrados nas paredes cálidas das cavernas.

A aguda sensibilidade do homem (sentimento de suma importância para o desenvolvimento da arquitetura e escultura), levou-o a pintar. Muitos dizem que os antigos pintavam por fome, teorias mais recentes asseguram que o faziam por uma "predeterminação sexual". É sabido que a tela primordial em que nossos parentes longínquos plasmaram suas idéias pictórica foi a rocha pura. 

As cores deviam ser aplicadas com aglutinantes para assegurar a aderência. As cavernas foram pontos culminantes para o homem primitivo usar sua linguagem, resultando numa evidente transição técnico-estilística: do realismo estático ao dinâmico, primeiro, e depois à uma acentuada estilização. A temática era comum entre eles: animais e cenas de caça e dança, as primeiras; homens e cenas várias, as segundas. 
No Brasil, são várias as serras que tem pinturas rupestres. No Piauí tem a serra da Capivara, onde lá os primeiros habitantes das Américas trataram de deixar seus vestígios na rocha. 
É uma verdadeira galeria de arte rupestre que se confunde com a beleza natural das cavernas locais. Observando a pintura, podemos notar cenas que ilustram a vida pré-histórica, caçadas, ritos religiosos, sexo, enfim.

O município de Venturosa tem uma cordilheira que se estende até o município de Pesqueira. São encontradas muitas serras e cada uma com sua característica particular. A sede do município nasce nas terras que teriam pertencido ao senhor Valeriano Santos, entre o final do século XIX e início do século XX. Ainda habitaram o que viria a ser a Vila de Boa Sorte o comerciante de peles e animais, João Laurentino de Souza, o agricultor e dono de terras Quirino dos Santos, o também dono de terras e comerciante Manoel Moreno e o dono de terras e chefe político, Justino Alves. 

No lajedo da Luiza, você encontra vários tipos e geoformas de pedras. Impressionante, é que as rochas soltas, não rolam de cima do lajedo. As cores das pedras sempre puxam para uma cor amarelada, quando os raios do sol batem, deixa um colorido todo especial até nas roupas que você usa. É um lugar misterioso.

Eu tenho a força, exclamava He-man, desenho que recordo muito bem da minha infância. As rochas pesam toneladas e mais toneladas. Provavelmente, a localização dessas pedras é resultado de uma ação vulcânica há milhões de anos.

O que deixa o lugar encantador, misterioso, é o meio em que elas estão. Uma lajedo de 500 metros de comprimento, com cavidades de até um metro de profundidade, que quando chove torna-se em caldeirões d'água. Como choveu pouco na região, está tudo seco.

O lajedo da Luiza tem comparativo com o lajedo do Pai Mateus, no município de Cabaceiras, região sertaneja da Paraíba. Nesse local se registrou a existência de outras grandes propriedades rurais: a fazenda Riacho do Meio de propriedade do senhor Antônio Lourenço que produzia rapadura, fazenda Barro Branco pertencente a Manoel Joaquim, fazenda Caatinga Branca do senhor José Miguel e a fazenda São Roque que pertencia ao senhor Antônio Alexandre da Silva.
Conta a história do início do povoamento nessa região de Venturosa, que as famílias eram numerosas, já que ter muitos filhos queria dizer possuir muitas mãos para auxiliar nos trabalhos das fazendas, sítios e nos afazeres domésticos. Uma família formada por pai, mãe e dois filhos era considerada pequena. Muito comum era ver nos sítios, vilas e cidades do interior, famílias onde o casal havia gerado dez, doze ou até mesmo quinze filhos.

Que tal um por do sol no lajedo da Luiza? Consegui vivenciar esse momento único da natureza. Veja como a natureza se destaca, falta apenas a ação responsável do homem.
A partir que o sol vai se escondendo, a luz natural do dia vai terminando e se aproximando da noite, o lugar fica com ar diferenciado.

Nos sítios espalhados pelo mundo, é padrão encontrar, além dos desenhos parietais, figuras e objetos decorativos talhados em osso, modelados em argila, pedra ou chifres de animais. O lajedo da Luiza é uma ação ímpar do tempo, você não ver em qualquer lugar do mundo essa ação vulcânica.

Viajar. Sinônimo de aprendizagem. Cada lugar que tenho conhecido, tenho recebido uma lição. Vejo que o meio ambiente precisa ser melhor cuidado, caso contrário, sentiremos na pele as reações climáticas desfavorável a nós pobres mortais.

Debaixo da caverna da serra do Letreiro, pude sentir seus enigmas, seus mistérios. Serve também de criatório do animal chamado de mocó, parente do preá. Os caçadores gostam de caçar esse tipo de roedor, que se alimento de folhagens, cocos, insetos e outros materiais orgânicos da serra.

Considera-se arte rupestre as representações sobre rochas do homem da pré-história, em que se incluem gravuras e pinturas. Acredita-se que estas pinturas, cujos materiais mais usados são o sangue, saliva, argila, e excrementos de morcegos (cujo habitat natural são as cavernas),[1] têm um cunho ritualístico. 


Quero aqui, nessa última reportagem, agradecer ao amigo Gui, que foi nosso guia de turismo pela região do sítio Riacho da Luiza, zona rural de Venturosa. Também agradecemos ao senhor Zé Bento e dona Luizinha, pela receptividade para com esse blogueiro.
Valeu a experiência no meio da caatinga. 
Muito obrigado a todos!


ATÉ A PRÓXIMA AVENTURA!

CONHECENDO AS BELEZAS NATURAIS DO SÍTIO RIACHO DA LUÍZA DE VENTUROSA/PE (PARTE III)

Na superfície da terra, as rochas sofrem a ação de diversos fatores, como o calor, frio, chuva, vento, neve e gelo. Durante milhares de anos, uma rocha vai se partindo em pedaços e vão ficando cada vez menores e sendo arrastados para outros lugares. 


De cima da serra do Letreiro tivemos essa vista panorâmica. A frente visualizamos um conjunto de serras, todas com os mais variados tipos de rochas. Então, esses pequenos fragmentos vão se acumulando, se apertando e se depositando uns sob os outros, formando novas rochas que, por serem constituídas por sedimentos acumulados, recebem o nome de Rochas Sedimentares. 


O lajedo do Urubu é uma rocha sedimentar. Esse tipo de rocha compreende 80% da superfície dos continentes, ou seja, um dia esse lugar foi fundo do mar.

Depois de escalar por dentro do mato a subida da serra do Letreiro, ao a gente pode ver a serra de Padre Basto. Essa região serrana do município de Venturosa, que antes chama-se Vila Boa Sorte, mas, que pertencia a Província de Buíque, tem em relatos históricos que comprovam a influência de fazendeiros sobre os escravos que vieram na época.

No meio dessa vegetação de caatinga, segundo moradores, já encontraram botijas e túmulos com restos mortais, há poucos metros da serra do Letreiro.

Há evidências de que os grandes fazendeiros dessa parte do agreste pernambucano, especialmente na região do Riacho da Luiza, Boqueirão e Ouro Branco,  eram possuidores de escravos. 
Em documentos históricos do município de Venturosa, tem como fazendeiro citado, João Antunes Bezerra, quando  em uma das suas fazendas foi encontrado o registro de uma escrava chamada Faustina, sem profissão, matriculada sob o número 805 no registro geral do município de Buíque e que pertenciam às órfãs Maria e Santina feita pelo tutor das mesmas, o senhor Aniceto Antunes Bezerra.

A partir que esse blogueiro foi fotografando os espaços que a vegetação proporcionava durante a trilha, rumo a serra do Letreiro, relatos históricos foram sendo repassados por moradores dessa região. Entre os relatos, consta que uma escrava tinha uma criança de colo de cor parda, do sexo feminino, batizada por Maria. Esse documento foi registrado na Província de Pernambuco, Município de Buíque, Paróquia de Pedra em 30 de outubro de 1873. Nesse período, Venturosa era apenas uma vila.

Essa vegetação que você ver nessa foto que eu registrei, está na rota de uma das fazendas que outrora fez parte do mata da escravidão. Embora poucos tenham conhecimento disso, durante o século XIX a maioria dos escravos pernambucanos não estava na Zona da Mata, mas, no Sertão e no Agreste intermediário e, quase dois terços destes, pertenciam a senhores que tinham entre 10 e 20 escravos.


O lajedo da Luiza, na zona rural de Venturosa, que está entre serras, serrotes, vales e riachos, mostra que a chuva que caiu nos anos de 2017 e 2018, não foram suficientes para o plantio, muito menos para o consumo humano. A vegetação dos sítios que ficam no entorno do Riacho da Luíza, começam a mudar de cor, não por que a primavera está para começar, mas, pelas altas temperaturas que começaram a ficar fixa. Comumente, toda essa região tem temperaturas elevadas em boa parte dos meses do ano. 

Na minha passagem pelo Riacho da Luiza, conheci o senhor Zé Bento e o filho, Gui, moradores da região. Foi com eles que fizemos uma trilha no meio da caatinga para descobrir os mistérios do local. Como citei em outras postagens, foi uma caminhada que durou aproximadamente 04 horas, entre ida e volta. Nesse percusso rumo a pedra do Letreiro, onde tem marcas visíveis do homem pré-histórico e de ações por índios que habitaram a região há milhões de anos.

Entre cactos e uma variedade de árvores, tipo, coqueiros, umburanas de cheiro, angicos, catingueiras, cipós, pudemos observar que os rios São Francisco e Parnaíba são fundamentais para a vida desse bioma. Eles nascem em outros lugares, mas cruzam a Caatinga por terrenos quentes e secos.
Pelo meio da caatinga, encontrei uma planta chama de mutamba muito popular no mundo da medicina alternativa. Seus poderes de cura estão presentes em suas cascas e frutos.
A planta, também conhecida por embira vermelha, embireira ou embirú, tem propriedades medicinais ótimas para o organismo. De quebra, ela ainda é usada em diversos tratamentos estéticos.
A bebida feita a partir das sementes de mutamba esmagadas e misturadas com água ajuda a tratar problemas como diarreia, gripe, resfriado, tosse e febre.


Apesar das condições severas, é possível encontrar uma diversidade de ambientes na Caatinga. A flora é uma resposta à variação na disponibilidade de água e nutrientes, formando um mosaico de diferentes tipos de vegetação adaptada ao tipo de solo e a disponibilidade de água. A fauna é bastante diversificada, sendo representada por muitas espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, dentre outros.

 
Nesse tour pela região do sítio Riacho da Luíza, descobrimos e aprendemos muita coisa, por exemplo, os solos desse bioma chamado de caatinga possuem alta variabilidade, com maior ou menor capacidade de reter as chuvas. A quantidade de nutrientes é influenciada pelas mesmas características que influenciam a retenção de água. 

Próximo a serra do Letreiro, descobrimos os mistérios e mal-assombros que rondam por lá. Até botija já foi encontrada nesse local.
Os solos mais argilosos retêm mais água e nutrientes, já os de textura mais arenosa tem pouca capacidade de retenção. Fragmentos de rochas são frequentes na superfície, resultando em um solo com aspecto pedregoso.

Na próxima e última parte dessa série de reportagens sobre as belezas naturais do Riacho da Luiza, zona rural de Venturosa, você conhecerá as pinturas rupestres existentes na serra do Letreiro.

Aguardem!

CONHECENDO AS BELEZAS NATURAIS DO SÍTIO RIACHO DA LUÍZA DE VENTUROSA/PE (PARTE II)

O lajedo da Luiza localizado na zona rural de Venturosa, está há poucos metro da BR-424, distante de Venturosa 09 km e 04 km da Vila do Tará. É um lugar místico que para alguns, mal assombrado. O lajedo tem seus 500 metros de comprimento, 80 metros de largura e 30 metros de altura. Tem vários cortes na rocha que se transformam em caldeirões d'água no período das chuvas.

O lajedo da Luiza tem uma altura de 30 metros, porém, a subida é fácil por que a rocha é muito áspera e facilita a subida. A rocha granítica está no meio da vegetação de caatinga. Em cima do lajedo, há vários cactos, tipo, facheiros e "coroa de frade", como o povo conhece.

Ao lado do lajedo da Luiza tem a residência do senhor Zé Bento, agricultor que mora há mais de 40 anos no local. Interessante, que o "puleiro das galinhas" é um pé de romã, que servem de repouso para as galinhas criadas pela família.

A cor do solo depende do material de origem e do conteúdo de matéria orgânica (elementos vivos e não vivos compostos de carbono). O solo é mais escuro, por exemplo, quanto maior for a quantidade de matéria orgânica. A cor indica se ele é fértil ou não. Tons avermelhados ou amarelados estão associados a óxidos de ferro e, por isso, podem representar um terreno bom para plantação. O que fazer uma partícula de uma rocha amarelada depende da pigmentação ao seu redor.

A mistura de vegetação é muito comum nos interiores dos sertões brasileiros. A Caatinga ocupa cerca de 844.453 Km² de extensão e é o único bioma com distribuição exclusivamente brasileira. Estende-se por todo estado do Ceará e mais de metade da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte; quase metade de Alagoas e Sergipe, além de pequenas porções em Minas Gerais e no Maranhão. 

Essas rochas ficam em cima do lajedo da Luiza em Venturosa
Rocha é um agregado sólido que ocorre naturalmente e é constituído por um ou mais minerais ou mineraloides. A camada externa sólida da Terra, conhecida por litosfera, é constituída por rochas. O estudo científico das rochas é chamado de petrologia, um ramo da geologia. Os termos populares pedra e calhau se referem a pedaços ou fragmentos soltos de rochas.

Como explicar que um facheiro consegue ter vida em cima de uma rocha? No lajedo da Luíza você encontra rochas de vários tamanhos e formatos. Esse torrão nordestino é cheio de lendas e histórias mal-assombradas.

Ao percorrer cerca de 04 quilômetros no meio da caatinga, na zona rural de Venturosa, vivenciamos um estilo de sobrevivência diferenciado, justamente por que a temperatura acima de 30 graus, exige fôlego e disposição, além de um bom preparo físico. O nome Caatinga significa mata branca em tupi-guarani, fazendo uma referência à vegetação desse bioma no período de seca, que perde suas folhas e fica com aspecto esbranquiçado.


A SEGUIR CONFIRA AS PEDRAS E SUAS GEOFORMAS ENCONTRADAS NO SÍTIO RIACHO DA LUIZA EM VENTUROSA/PE


Pedra da Andorinha

Pedra da Embarcação

Pedra do Gafanhoto

Pedra do Caracol

Pedra do Carro

Pedra Rachada

Pedra do Letreiro

Pedra do Mandacaru

Pedra do Pênis
Pedra Oval

Pedra da Cavidade

Do lado esquerdo dessa foto está o lajeiro dos Urubus que é uma rocha de quase um quilômetro de comprimento, cravada no meio da caatinga. Uma vista panorâmica sensacional!


Em cima de uma rocha de pouco mais de 40 metros, pude ter uma vista panorâmica da região da serra redonda e do sítio Riacho da Luiza. A temperatura de 35 graus não foi o grande obstáculo até chegar a esse local, mas, o pequeno varedo dentro da vegetação de caatinga.


Isso é sinônimo de liberdade, de amor a natureza. De cima do lajedo da Luíza, ao fundo você ver a serra Redonda, lugar cheio de mistérios e lendas. Ouvi dos moradores, seu Zé Bento e do seu filho,Gui, que foi nosso guia de turismo, histórias de mal-assombros, inclusive, umas da fotos que fiz, apareceram vários rostos, provavelmente dos antepassados que habitaram pela região. 

Nessa região há vários tipos de rochas, todas provocadas por ações vulcânicas a milhões de anos.

ENTENDA COMO SÃO CLASSIFICADAS AS ROCHAS
As rochas podem ser classificadas de acordo com sua composição química, sua forma estrutural, ou sua textura, sendo mais comum classificá-las de acordo com os processos de sua formação. 
Pelas suas origens ou maneiras como foram formadas, as rochas são classificadas como ígneas, sedimentares, e rochas metamórficas. 
As rochas magmáticas foram formadas de magma, as sedimentares pela deposição de sedimentos e posterior compressão destes, e as rochas metamórficas por qualquer uma das primeiras duas categorias e posteriormente modificadas pelos efeitos de temperatura e pressão. 
Nos casos onde o material orgânico deixa uma impressão na rocha, o resultado é conhecido como fóssil.