 |
Alexandre Tenório - Escritor |
ERA TEMPO DE
SEMANA SANTA
(Parte I)
Nossa cidade sempre teve uma
religiosidade muito forte, isto vem desde os primórdios da nossa fundação, pois
a nossa formação como, povoado, vila e cidade se deram com a construção do colégio
N S DO BOM CONSELHO, e com a igreja matriz da sagrada família. Diante deste fato podemos dizer que a
religiosidade do nosso povo é algo que este impregnado na nossa formação moral. Aos longos dos anos passaram vários
párocos, como: MONSENHOR
MARQUES, MONSENHOR ALFREDO DAMASO, DOM CARÍCIO, FREI HÉLIO BARBOSA, FREI
SEVERINO, FREI ZITO E MONSENHOR NELSON BRITO. Além dos vários capuchinhos que
aqui residiram e residem, pois o nosso seminário capuchinho em homenagem a São
Fidelis se encontra na ativa até hoje.
Todos eles deram e estão dando sua
contribuição a nossa igreja católica, que é o esteio da fé cristã em nossa
cidade, são mais de 180 anos de catolicismo do nosso povo, e mesmo aqueles que
saem da igreja católica continuam na fé cristã através das igrejas evangélicas.
Pois não sei de ninguém que tenha se tornado Judeu ou Mulçumano.
Diante de todos estes fatos é que
afirmo com convicção que a nossa cidade é a cidade com maior religiosidade da
nossa região, por isto nós temos desde muitos anos a mais bonita e tradicional
SEMANA SANTA da região.
No tempo passado o nosso povo tinha na
semana santa um respeito muito maior que hoje. Realmente se levava ao pé letra
os sentimentos da semana santa. A começar do primeiro dia da quaresma, ou seja,
a quarta-feira de cinza. Neste dia tantos aqueles que tinham brincado o
carnaval, como aqueles que não tinham brincado o carnaval, iam as nossas
igrejas colocarem cinzas, só se via negrinho com a testa melada de cinzas, hoje
continua existindo esta tradição, porém em muito menor escala.
No tempo de padre Alfredo, durante o
carnaval ele ficava boa parte da manhã na calçada da igreja apreciando o
intrudi, e muitos foliões vinham pedi-lhe a benção, no que prontamente eram
atendidos. Quando na quarta-feira de cinza ele estava administrando as cinzas,
aqueles que ele sabia que tinham brincado o carnaval ele colocava uma
quantidade de cinza maior, dizia ele que era porque tinham mais pecados e
precisavam de mais cinza.
Nos
tempos mais antigos, tivemos em Gabriel Correntão o pilaste das grandes
procissões da semana santa.
Gabriel Correntão foi quem sucedeu a
casa de comércio do Coronel José Cupertino Tenório, que ficava localizada aonde
hoje são o armarinho infantil e o escritório de contabilidade de Zé Felix. Ele
trazia sempre muitas novidades, sempre que saia uma novidade no comércio, ele
trazia para a sua loja.
Gabriel dedicou sua vida a igreja, fez
a opção de ficar solteiro, e tinha na igreja o seu parceiro de vida, terminou
sendo ordenado padre, e foi para o estado do Pará, e terminou seus dias como
padre na cidade de Araçoiaba no estado do Ceará. Lembro-me muito bem que veio
uma caravana, composta pelas principais autoridades da cidade de Araçoiaba
trazer ele aqui para nossa terra, pois ele já velhinho tinha se aposentado, e
resolveu terminar os seus dias aqui na sua cidade natal, Bom Conselho. O
prefeito da cidade um cidadão muito distinto esteve com meu avô seu José
Correntão e demonstrou muita gratidão ao trabalho desenvolvido pelo Padre
Gabriel Correntão em sua cidade. Assim como ele fazia aqui em nossa cidade
durante a semana santa, ele fazia na cidade de Araçoiaba, ou seja, uma grande
semana santa. Lembro-me que ele mandava buscar seu Augusto da igreja, que era
para ajudar na preparação da semana santa. E seu Augusto quando chegava de
Araçoiaba descrevia a grandiosidade que tinha sido a semana santa naquela
cidade.
AGUARDEM QUE TEM
MAIS.