24 de dezembro de 2018

A SERRA DO UMBUZEIRO E OS DESAFIOS PARA CHEGAR AO SEU CUME. UMA TRILHA DE PURA ADRENALINA

A serra do Umbuzeiro pode ser vista do centro de Paulo Afonso e seu formato possui uma imagem semelhante a um vulcão. Desde as visões mais distantes já tem uma particularidade infinitamente bonita que é o seu formato. 

A Serra do Umbuzeiro, localizada no Povoado Riacho, distante 25 quilômetros do cento de Paulo Afonso, você chega pela rodovia BA-210 (sentido Jeremoabo), é cenário para uma boa caminhada até o cruzeiro, em seu ponto mais alto.

A subida foi dolorida e cansativa, mas em compensação a vista panorâmica dos 850 metros de altitude acima do nível do mar compensa qualquer esforço.


Fazer a trilha da serra do Umbuzeiro envolve contato com a vegetação típica do semi-árido, belas formações rochosas de arenito, grutas, cavernas e pinturas rupestres. Do alto dos seus 850 metros tem uma fabulosa visão em 360 graus do município de Paulo Afonso.

Até parece que você está em outro planeta pela beleza que vemos em nossa frente. As rochas sedimentares nos paralisa com seus tamanhos e geoformas.

Quando você vai se aproximando do povoado Riacho que está às margens da rodovia BA-210, a vista para a serra já muda um pouco de formato, se mostrando uma inclinação com um formação triangular. Para chegar lá é necessário que esteja acompanhado de um guia para que ele possa dar informações do local, conduzir o visitante com segurança e orientar sobre a preservação do meio ambiente.

Do povoado Riacho você vai tendo noção do quanto a serra tem sua beleza inigualável. A comunidade onde a serra está localizada tem em torno de 1.500 habitantes. Segundo moradores o parto de dona Déa, mãe de Maria Bonita, foi no no povoado que fica há 15 km da Malhada da Caiçara, onde a cangaceira Maria Bonita morou até os 20 anos de idade, antes de conhecer Lampião. 

Além da serra do Umbuzeiro, existe umas ruínas de casarões que são verdadeiros cenários de alguns ataques do bando de lampião por essas bandas da Bahia.

Quando se chega ao platô da serra do Umbuzeiro, ninguém se contenta em apenas ficar olhando o cenário geológico que o lugar proporciona. De fora você visualiza apenas uma serra, mas, quando você faz a trilha que demora praticamente 1 hora de caminhada por um varedo serra acima, há uma abertura com rochas de vários tamanhos e formatos.

A caverna do Buraco está no complexo da serra do Umbuzeiro
A trilha da serra do Umbuzeiro tem uma complexidade média, apesar da subida não ser tão íngreme, alguns lugares tem pedras soltas, subidas bruscas e existe possibilidade de escorregar. Então é necessário ficar atento e seguir todas as orientações dos guias da região. 

Toda a serra é formada de paredões de arenito que, de acordo com a criatividade de quem visita, é possível verificar vários formatos: cachorro, tartaruga, soldado, sapo, a torre do tabuleiro de xadrez entre outros. Uma das primeiras formações “oficiais” é a Cadeira do Rei. Tudo depende do ângulo que você enxerga.

A cada metro que você percorre subindo a serra do Umbuzeiro, se vai encontrando rochas e vegetação que se confundem e enriquecem o cenário. Ao chegar nas pinturas, é possível avistar um belo paredão com a arte rupestre que foi esculpida há mais de 9 mil anos e que merece uma atenção especial.

Depois de 1 hora e 30 minutos de subida encontrei um pequena caverna que cabe uma pessoa tranquilamente. Aproveitei aquele espaço limpo, ventilado e fui descansar por mais de 40 minutos, saboreando o lanche que tinha levado além daquela água bem fria, por que com o calor que enfrentei não tem como ter água gelada.

Depois de 1 hora de subida não imaginava que iria encontrar um Planalto (ou platô) — classificação dada a uma forma de relevo constituída por uma superfície elevada, com cume mais ou menos nivelado, geralmente devido à erosão eólica ou pelas águas.

A presença do bombeiros Civis Edvaldo e Jéssica foi muito importante, eles que já são acostumados a subirem a serra do Umbuzeiro, mostrando muita responsabilidade e conhecedores da região que até então era desconhecida para esse blogueiro e outros aventureiros.

No primeiro ponto de parada na subida da serra do Umbuzeiro, depois de tomarmos bastante água e respirar forte, fomos conferir como estava nossa pressão arterial. O bombeiro Civil ficou admirado com nossa vitalidade depois depois dos primeiros 40 minutos de subida. A pressão estava 13/8 (normal) e os batimentos cardíacos 117 por minuto (dentro do estimado). 

Depois daquela pausa, voltamos a subir os outros metros que faltavam para chegar ao cume da serra. Desse ponto em diante começou a ventar mais, o oxigênio foi se renovando e chegamos firmes nos 850 metros de altitude acima do nível do mar. Qual experiência estou levando? Respeitar os limites do seu corpo.

O cansaço era físico, mas, a mente renovada, vivíssima, feliz por conseguir superar os limites da fadiga que o corpo apresentou. Ainda voltarei a serra do Umbuzeiro. Um dia é pouco para conhecer tudo o que há em sua geoforma.

No início da caminhada é por uma trilha fechada e com algumas subidas cansativas até chegar no primeiro ponto de parada que é um belíssimo mirante que permite fotografar o povoado Riacho. 

O casal de bombeiros Civis, Jéssica e Edvaldo, alcançaram o topo da serra do Umbuzeiro. De cima quem não tem costume estar há 850 metros de altura é um desafio sensacional. Eles foram personagens importantes para me guiar até o cume da serra. Muito obrigado pelo apoio!

Há uma particularidade no chão que se pisa pois, com a ação do vento e chuva, esculpiu as pedras de arenito formando um desenho fantástico que merece ser fotografado também. Além de um registro do visitante tendo o tomo da serra como o cenário ao fundo.

Chegar ao cume da serra do Umbuzeiro é o máximo da aventura. Me senti um pássaro, ar de liberdade, onde você supera seus limites, suas imaginações. De cima da serra do Umbuzeiro você tem uma vista privilegiada, pelo menos duas cidades se visualiza no horizonte, Santa Brígida e Paulo Afonso.

O buraco da Águia é um espaço aberto pela rotação do vento e intempéries do tempo há milhões de anos. Uma ação vulcânica milenar abriu essa fenda transformando numa média caverna que cabe mais duas pessoas deitadas.

Tentei passar no "Buraco da Agulha", mas não consegui, valeu a experiência. Agradeço ao nobre bombeiro Civil, Edvaldo, pelo apoio durante a trilha.
E para chegar ao topo da serra por esse caminho é necessário passar pelo “Buraco da Agulha”. Um lugar que “só passa quem não tem pecados”, diz uma lenda. 
O buraco da Agulha é uma fenda que possibilita às pessoas o acesso a uma das mais belas paisagens existentes na cidade. Quem passa por essa "brecha" chega-se ao Labirinto de Pedras bem mais rápido, caso contrário se faz um arrodeio, que foi meu caso. 
Um lugar cheio de formações belíssimas que as pessoas podem, com cuidado, subir e desfrutar daquela paisagem particular. 
Alguns também acampam na serra ou fazem a trilha no período noturno. O topo da serra está a 850 metros acima do nível do mar.

Na próxima postagem haverá novas imagens desse lugar maravilhoso e desafiador...

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A IGREJA DE PEDRA DA SERRA DO GALEÃO FICA NUMA GROTA MILENAR

A igreja de Pedra está na rota da Via Sacra durante a Semana Santa na serra do Galeão, no entorno da cidade de Santa Brígida/Bahia.

Nesse local, rodeado por grandes rochas e cavernas a multidão se concentra na última estação da Via Sacra.

Em todo o percusso da rota da Fé o cenário é esse. Vegetação de caatinga e rochas sedimentares por todos os lados.

A igreja de Pedra fica numa gruta, onde rochas milenares se escoram umas nas outras formando uma caverna. Essa grota serve de ponto cultural religioso e ecológico, já que existe vegetação rasteira de caatinga em todo o entorno.


A pedra do Jacaré fica na serra do Galeão, há poucos metros do centro da cidade de Santa Brígida, formada por arenito. A rocha é um dos locais bem visitados no período da Semana Santa.
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MALHADA DA CAIÇARA: O REFÚGIO DO GRANDE AMOR DE LAMPIÃO

Continuando com minhas andanças pelo norte da Bahia, fomos até o povoado Malhada da Caiçara, distante de Paulo Afonso (a terra da Energia), cerca de 40 quilômetros. Por lá ouvi muitos relatos da passagem do Cangaço na região, como por exemplo, o surgimento do romance de Maria Bonita e Lampião, que perdurou por apenas 07 anos. 

Para chegar e conhecer a casa museu Maria Bonita, andamos por 15 km de estrada de terra em bom estado de conservação. Foi nesse local que o rei do Cangaço encontrou o grande amor da vida dele, porque até então não tinha mulher associada a vida dele. Há divergência no número de filhos que o casal deixou, um ou três.

Impressionante que o governo municipal de Paulo Afonso/BA, cuida das estradas vicinais para que elas fiquem trafegáveis, diferentemente de municípios onde o gestor fica somente com balela. Em todos os sítios e povoados do município de Paulo Afonso tem internet de qualidade para todos de graça.

A casa museu Maria Bonita é administrada e cuidada pelos familiares da cangaceira que viveu até seus 27 anos de idade. Maria Bonita nasceu em solo paulo-afonsino no dia 08 de março de 1911. Quem visita o a casa museu se depara com a chegada da tecnologia, ou seja tem wifi e internet gratuitamente. Mesmo passando por uma recuperação na década de 90, a casa não perdeu sua originalidade.

No povoado Malhada da Caiçara, na zona rural de Paulo Afonso, vivem 30 famílias (cerca de 150 pessoas), todos parentes de Maria Bonita. A comunidade rural produz milho, feijão, melancia e pipino. A Malhada do Caiçara tem uma escola municipal de primeiro grau, as famílias tem ajuda do governo federal através do Bolsa Família, a região fica no norte do estado da Bahia e na divisa de dois municípios. Há 16 km está Santa Brígida, há 15 km está a rodovia estadual BA-210 que da acesso a outras rodovias que dão destino a outras regiões do País. 

Conta a história que em 1931, ao parar em Paulo Afonso, na Bahia, Lampião conheceu Maria Déa, que tinha vinte anos de idade. Maria Bonita já estava separada do primeiro marido, Zé de Neném. 
No primeiro olhar de Lampião, algo forte sentiu por Maria Bonita, porém, os dois não tiveram muito contato. 
Conta-se que Lampião sabia ser bom no gatilho, menos na paquera, mas descobriu que Maria Bonita era rendeira, mandou comprar alguns metros de tecido e pediu pra ela fazer uns lenços (tipo cachecol) e que em 30 dias voltaria para pegar... E assim ocorreu! 
Daí por diante, eles começaram a se conhecer e namorar, tudo sob a custódia da mãe dela, dona Maria Joaquina ou Déa como a chamava.
Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria de Déa ou Maria Bonita, foi assassinada no município de Poço Redondo/SE28 de julho de 1938, na Grota de Angico, juntamente com Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e outros nove cangaceiros. Maria Bonita foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros
Nesse período, Virgulino e Maria Bonita estavam contaminados de paixão, eis o motivo dela ingressar no Cangaço e ficar mais próxima do seu amado.

Nas próximas postagens teremos outros relatos históricos... Aguardem!

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