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Alexandre Tenório - escritor |
ERA
TEMPO DOS VALENTÕES (PARTE I)
Em toda época sempre existiu um valentão em nossa cidade, o
primeiro que se tem notícia, foi Raul.
Raul era de compleição forte, cor morena clara, cabeleira
negra, era um bom exemplar da espécie humana. Não podia beber, quando assim
fazia, sabia-se que ia haver confusão. Não respeitava nada nem ninguém, quando
entrava para beber num bar, em pouco tempo não ficava ninguém. Para ir preso
eram necessários vários soldados, e uma luta fenomenal, com quase todo mundo
machucado. E isto era uma rotina de
quase todo mês, quando chegava à notícia na delegacia que Raul estava bebendo,
os soldados já ficavam preparados para entrarem em ação.
Chegou a nossa cidade, oriundo do sertão do estado, um
soldado baixinho, franzino e de cor amarelada, ou seja, um pobre de cristo
assim pensava todos os colegas de farda.
Chega à delegacia a
notícia que Raul estava no Bar de João jararaca bagunçando, e que era necessário
a polícia ir lá para prender Raul.
Então se juntou uns cinco soldados para irem prenderem Raul, no
que foi prontamente contestado pelo o soldado amarelo, que era muitos soldados
para prender esse sujeito, que ele iria sozinho prender esse tal de Raul, todos
ficaram de boca aberta, com a atitude do amarelo, porém se ele queria ir
sozinho que fosse.
O soldado amarelo, pega um mosquetão, coloca bala e vai para
o bar de João Jararaca prender Raul. Quando chega lá encontra o valentão brabo que nem um siri numa lata. Então o baixinho
dar ordem de prisão a Raul, no que prontamente ele ignorou, pois quando vinham
quatro ou cinco soldados ele não ia de graça, ele ia de graça com um soldado
amarelo daquele. Ele nem deu atenção ao amarelo, então o soldado amarelo
novamente dar voz de prisão a Raul, e armou o mosquetão, e disse claramente que
se ele não viesse por bem, vinha por mal, mais que vinha, vinha.
É quando Raul nota que o amarelo não está para brincadeira, e
sente que se ele não for, vai levar bala, então humildemente Raul sai e vai
para a delegacia, nesta altura já tinha se formado uma multidão de gente para
acompanhar o desfecho, esta mesma multidão acompanha Raul até a delegacia.
Quando o amarelo chega com Raul na delegacia, os soldados
ficam todos abismados, com a cena. Imediatamente Raul é colocado no xadrez e
daquele dia em diante Raul parou de beber e nunca mais fez nenhuma estripulia.
Lembro-me muito bem de Raul na praça com a mão no bolso,
tentando se masturbar, pois o velho era tarado. Terminou seu filho levando ele para Recife onde lá ele morreu
com quase 100 anos.