27 de maio de 2023

STF julga novo acordo sobre perdas de estados com ICMS de combustíveis



O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta sexta-feira (26) se dá aval para um novo acordo negociado pelos estados, o Distrito Federal (DF) e a União, em que o governo federal se compromete a repassar R$ 26,9 bilhões, até 2026, em compensação por perdas na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com a desoneração de combustíveis.

O acordo foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em março. Trata-se de uma nova negociação. Um outro acordo parcial já foi homologado pelo Supremo, em dezembro do ano passado. Com a mudança de governo, contudo, um novo entendimento foi negociado diretamente entre a equipe econômica e governadores.

Até o momento, apenas o relator, ministro Gilmar Mendes, votou. Ele foi favorável à homologação do acordo. “Considero que todos os interesses jurídicos estão equacionados e bem representados neste acordo histórico no âmbito federativo”, escreveu ele. O caso é julgado no plenário virtual, em que não há deliberação presencial. Os demais ministros têm até as 23h59 de 2 de junho para votar.

Entenda

A necessidade de compensação foi criada após a aprovação, em junho do ano passado, no Congresso, de duas leis complementares que desoneraram o ICMS cobrado sobre a venda de combustíveis, uma das principais fontes de arrecadação das 27 unidades federativas. O objetivo foi conter o aumento de preços nos postos.

A legislação previa compensação aos estados e ao DF, mas o então presidente Jair Bolsonaro vetou o dispositivo. Após o Congresso derrubar o veto, o caso acabou sendo levado ao Supremo. Diante do impasse político e legal, o ministro Gilmar Mendes, um dos relatores do tema, criou uma comissão especial para promover uma conciliação.

Num primeiro acordo, homologado em dezembro, as unidades federativas aceitaram manter a essencialidade do diesel, do gás natural e do gás de cozinha, conforme defendido pela União. Com isso, o ICMS cobrado sobre esses produtos ficou limitado à alíquota geral do imposto, algo em torno de 17% e 18%, a depender da unidade federativa. Anteriormente, havia estado que cobrava mais de 30% de ICMS sobre os combustíveis.

Na ocasião, a gasolina ficou de fora. Prevaleceu o argumento dos estados de que o item não é essencial, uma vez que são as pessoas de maior poder aquisitivo que possuem carros, sendo elas as mais beneficiadas com eventual desoneração sobre o produto.

Regras

Agora, o Supremo julga se homologa o novo valor para a compensação, após as partes concordarem a respeito das estimativas de perda de arrecadação. Do R$ 26,9 bilhões acordados, R$ 4 bilhões devem ser pagos pela União ainda este ano. O restante fica para 2025 e 2026.

Até o momento, estados e DF já conseguiram liminares (decisões provisórias) do Supremo para suspender cerca de R$ 9 bilhões em parcelas de dívidas coma União, de modo a compensar a perda com a desoneração de combustíveis.

O acordo que agora pretende ser definitivo prevê regras para que a União também possa descontar esse valor do total ainda a compensar, de acordo com a situação de cada estado. Segundo a Fazenda, algumas unidades da federação conseguiram compensar ainda mais do que teria a receber. Há estados que ainda não obtiveram nada.

Dos que ainda tem saldo a receber, a regras preveem que os estados com até R$ 150 milhões em compensações receberão 50% em 2023 e 50% em 2024, com recursos do Tesouro Nacional. Os estados com compensações entre R$ 150 milhões e R$ 500 milhões, receberão um terço do valor em 2023 e dois terços em 2024. Os estados com mais de R$ 500 milhões receberão 25% em 2023, 50% em 2024 e 25% em 2025.


por Gazeta Web

25 de maio de 2023

Brasil tem mais de 1 milhão de escravos contemporâneos


O Brasil tem 1.053.000 pessoas em situação de escravidão contemporânea, de acordo com a Fundação Walk Free. Isso significa que cinco em cada mil habitantes do país (0,5%) são submetidos ao trabalho ou ao casamento forçado, estima a ONG.

Apesar do número elevado, a proporção de escravos em relação à população brasileira (212 milhões de pessoas) é considerada de baixa a média. O estudo abrange 160 países.

Proporcionalmente, a Coreia do Norte tem o maior índice de escravos contemporâneos, 10,4% da população, seguida por Eritreia (9%), Mauritânia (3,2%), Arábia Saudita (2,1%) e Turquia (1,5%).

Ao todo, no mundo, a Walk Free estima que existam 50 milhões de pessoas nessas condições – dez milhões a mais do que cinco anos antes. Dessas, 28 milhões estariam em trabalhos forçados e 22 milhões, em casamentos forçados.

Os dados são do Índice de Escravidão Global 2023, divulgado na última quarta-feira (24) pela Walk Free com base em dados levantados em 2021.

Pandemia agravou o problema

A pandemia de Covid-19, conflitos armados e deslocamentos provocados por questões climáticas colaboraram para agravar o quadro da escravidão moderna, segundo a análise.

O estudo aponta a responsabilidade dos países do G20, os 20 mais industrializados do mundo, pela compra de US$ 468 bilhões anuais em produtos com risco de origem no trabalho escravo.

O Brasil importa US$ 5,6 bilhões desse total, mas também é exportador de roupas, carne, cana-de-açúcar, madeira e café com possível trabalho escravo na cadeia de produção.

Segundo a entidade, o governo brasileiro dá alguma resposta aos crimes de escravidão em 51% dos casos. O documento cita iniciativas como a Lista Suja do Trabalho Escravo, mas registra que muitas empresas têm conseguido evitar punições.

"A escravidão contemporânea permeia todos os aspectos da nossa sociedade, passando pela produção de nossas roupas, eletrônicos e alimentos. É uma manifestação da extrema desigualdade", afirma a co-fundadora da Walk Free Grace Forrest.

por Gazeta Web

24 de maio de 2023

Novo marco fiscal: governo liberou R$ 1,1 bi em emendas no dia da votação

 


por  Metrópole

No dia da votação do novo marco fiscal que vai reger o controle de gastos do governo federal, o Executivo liberou R$ 1,1 bilhões em emendas parlamentares. Os valores constam na plataforma Siga Brasil, painel de registro de emendas, que teve atualização nesta quarta-feira (24/5), com o montante da terça-feira (23/5).


Agora, com a nova liberação, são R$ 2,9 bilhões de emendas empenhadas desde o início do governo Lula 3. Os valores estão empenhados, ou seja, reservado no Orçamento, para serem pagos.

Aos deputados, foram reservados R$ 800 milhões. Senadores ficarão com R$ 288,4 milhões e um montante de R$ 700 mil será encaminhado às bancadas estaduais.

Na liberação de terça, os maiores beneficiados foram os senadores Chico Rodrigues (PSB-PE), com R$ 25 milhões, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PE), com 21 milhões e Eduardo Braga (MDB-AL), com 18 milhões.

Marco fiscal


A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do novo marco fiscal nessa terça-feira (23/5). Em resumo, a proposta detalha o novo mecanismo que substituirá o teto de gastos, com objetivo de controlar as despesas do governo.


Aprovada por 372 votos favoráveis e 108 contrários, o texto sofreu alterações do relator da pauta, Cláudio Cajado (PP-BA).


A matéria prevê mecanismos para limitar os gastos do governo e estabelecer regras para o crescimento das contas públicas. Veja os principais pontos:

 Para fazer a conta de quanto poderá gastar no ano seguinte, o governo usará as receitas primárias líquidas nos 12 meses até junho do ano anterior;

O crescimento dos gastos públicos fica limitado a 70% do crescimento da arrecadação do governo, caso a meta de superávit primário seja cumprida;

O crescimento dos gastos públicos fica limitado a 50% do crescimento da arrecadação do governo, caso a meta não seja cumprida;

Mesmo que a arrecadação do governo cresça muito, o aumento real da despesa permanecerá entre o mínimo de 0,6% ao ano e máximo de 2,5% ao ano;

Com o fim do teto de gastos, os mínimos constitucionais de saúde e educação retornam a ser aplicados como eram até 2016: 15% da RCL (receita corrente líquida) para a saúde e 18% da receita líquida de impostos no caso da educação;

Se as receitas não avançarem como projetado, o governo será obrigado a contingenciar despesas.


Saiba quanto cada parlamentar recebeu de emenda

O que você precisa saber agora


Diante da previsão de chuvas fortes na Região Metropolitana e nos Litorais Norte e Sul de Alagoas, a Defesa Civil Estadual orienta as pessoas que vivem em áreas de risco que procurem um lugar seguro para se abrigar. A previsão é que as chuvas fortes caiam no estado a partir da madrugada desta quinta-feira (25), mas, em algumas localidades, já chove forte nesta quarta, como é o caso de Jacuípe, na Região Norte do estado.

O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) orientou a população sobre os cuidados que a população deve durante o período chuvoso. A principal recomendação do órgão é que as pessoas devem evitar a foz de rios, galerias pluviais e banhos de mar por 72 horas após chuvas de alta intensidade.

O Ministério da Igualdade Racial (MIR) informou nesta quarta-feira (24) que entrou em contato com o Google para elaborar, de forma conjunta, um filtro que não permita a disseminação de discursos de ódio, intolerância e racismo. A pasta tomou a iniciativa após ter conhecimento do jogo que era disponibilizado na loja de aplicativos da multinacional de tecnologia em que o usuário assumia o papel de um “proprietário de escravos”.]

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar, nesta quinta-feira (25/5), medidas para baratear os carros populares, alinhavadas com os ministérios da Indústria, Comércio e Serviços e da Fazenda. Segundo informações apuradas pelo Metrópoles com pessoas envolvidas nas negociações, a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para bancar a compra de carros populares 0km está descartada.

A campanha nacional de vacinação contra a gripe teve início no dia 10 de abril e tem previsão de encerramento no dia 31 de maio. Até o momento, mais de 26 milhões de pessoas receberam a dose da vacina que protege o organismo contra o vírus influenza.

A meta anunciada pelo Ministério da Saúde no início da campanha era de alcançar pelo menos 90% de cobertura vacinal entre os grupos prioritários. No entanto, dados da plataforma LocalizaSUS indicam que, a uma semana do fim do prazo, a adesão da população ao imunizante está em 37,78%.

A vacina é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente, as doses foram oferecidas aos grupos prioritários que apresentam risco aumentado de agravamento pela doença.

22 de maio de 2023

Mês de junho será chuvoso em Pernambuco, segundo Apac



Os dias de céu nublado e de chuvas de fraca a moderada serão constantes a partir das próximas semanas. Isso porque o mês de junho se aproxima e, com ele, a previsão é de que o acumulado mensal de precipitações fique em torno de 300 mm somente no Litoral.

De acordo com o meteorologista Roni Guedes, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o volume esperado está dentro da média para o período. Para o mês de junho, há ainda a expectativa de que chova uma média de 230 mm nas Zonas da Mata Norte e Sul e 120 mm no Agreste. 

“Junho é o mês mais chuvoso nas três regiões. A chuva vai seguir o padrão normal a partir desta semana. Em média, chove em torno de 18 dias no mês de junho. Desses 18, uns três ou quatro dias são mais significativos e precisam de monitoramento”, informou Roni Guedes.

O meteorologista explicou que o fenômeno mais frequente neste período chuvoso, que vai até o mês de agosto, é o Onda de Leste, responsável por provocar chuvas principalmente no Litoral. Durante atuação do sistema, as temperaturas tendem a diminuir, voltando ao normal somente em setembro.

“Estamos entrando no padrão normal de inverno. Dificilmente, vai voltar aquelas situações de céu claro, sem nebulosidade, com temperaturas aquecidas. A tendência, agora, é que o tempo fique mais nublado, com chuvas, principalmente, nas madrugadas e nas primeiras horas da manhã”, informou Roni Guedes.


Da Folha de Pernambuco

Bom Conselho - Uma cidade sem rumo


Tenho viajado por esse Nordeste afora e tenho encontrado cidades menores que Bom Conselho em pleno desenvolvimento, enquanto que a terra de Papacaça anda mergulhada num ocaso administrativo, onde os jovens, os pais de família, são obrigados a irem para outros torrões para conseguirem realizar seus sonhos.

Bom Conselho virou uma capitania hereditária de uma única família que come caviar e oferece o resto para a população carente. Carente de tudo, de entusiasmo para ganhar a vida, de educação com qualidade, de saúde, de assistência social de qualidade, de infraestrutura e de um povo liberto.

O vício da compra de voto prostituiu o eleitor boncoselhense. O falso assistencialismo de dar um remédio de "dor de dente" é propagado como algo fantástico, do outro mundo. O continuísmo em Bom Conselho só faz levantar ainda mais a falasa ideia do "caminho certo".

Uma minoria comendo caviar, agarrada nas "tetas" da prefeitura e distribuindo falsos sorrisos e "tapinhas nas costas" dos tolos. A cidade segue um destino sem rumo, onde certos e determinados intelectuais, se rendem ao fascismo implantado no território municipal.

O que não falta em Bom Conselho é gente querendo pegar no "andor do santo" nas procissões, fazendo média com religiosos, achando que eles serão os responsáveis para leva-los ao céu (só se for da boca de um camelo!).

Vendo municípios menores progredindo, inovando, criando oportunidades, nesta aldeia segue um caminho contrário cheio de invenções mentirosas. 

O que podemos esperar de uma cidade que vive na sombra de um bingo, de uma festa anual ou de obras do governo estadual (quando aparecem)?

O que podemos esperar de uma cidade que não consegue numa década ter pelo menos um semáforo mais novo ou menos usado?

O que podemos esperar de uma cidade que é administrada por um inexperiente estudante?

O que podemos esperar de uma cidade que tem gente que nem aprendeu a tapar os buracos, mas se acha "otoridade"?

São vários os motivos para não acreditar que um dia essa cidade terá um povo livre e independente.

O tempo dirá se temos ou não razão.

Nota de 200 reais circula menos que a de 1 real

Mais de 2 anos após o lançamento, apenas 28% das cédulas de R$ 200 produzidas foram colocadas em circulação pelo Banco Central. São 124,8 milhões de cédulas, que somam R$ 24,96 bilhões.

É menos, por exemplo do que as 148,65 milhões de cédulas de R$ 1 que continuam em circulação. Isso apesar de as de R$ 1 não serem mais produzidas desde 2005.

Segundo o Banco Central, “o ritmo de utilização da cédula de 200 reais vem evoluindo em linha com o esperado, e deverá seguir em emissão ao longo dos próximos exercícios.”

Os quase R$ 25 bilhões em cédulas de R$ 200 correspondem a 7,86% de todo o valor em espécie que circula no país, de R$ 317,34 bilhões.

Circulam hoje no país 1,771 bilhões de cédulas de R$ 100, somando R$ 177,14 bilhões em valor. Já as 1,769 bilhões de notas de R$ 50 somam R$ 88,48 bilhões e a terceira cédula mais comum, de R$ 2, gera um valor de R$ 3,13 bilhões em circulação.


G1

Municípios correm risco de descumprir gasto obrigatório em Educação



Mais de mil municípios brasileiros correm risco de descumprir o volume obrigatório gastos em Educação. As prefeituras têm até o final deste ano para aplicar recursos não utilizados em 2020 e 2021, devido à pandemia da Covid-19.

O alerta foi feito pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

A entidade orientou os tribunais de contas a cobrar o cumprimento do que está previsto na Constituição. Segundo o presidente da Atricon, Cezar Miola, os dados preocupam. “Em 2021, pelo menos 1.076 municípios brasileiros não cumpriram essa regra”, diz Miola.

A Constituição determina, para estados e municípios, a aplicação de “25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”.

Em 2022, um emenda constitucional desobrigou os gestores a aplicar o percentual mínimo nos anos da pandemia. A emenda, porém determina a aplicação dos valores não executados até o final de 2023.

por Gazeta Web


Beber vinho moderadamente pode aliviar dores no corpo, sugere estudo


Um estudo feito por pesquisadores das universidades de Cambridge, na Inglaterra, e Sydney, na Austrália, sugere que o consumo moderado de bebidas alcoólicas pode reduzir a inflamação do corpo, levando ao alívio de dores. Uma taça de vinho por dia seria o suficiente para garantir os benefícios. A pesquisa avaliou dados de 3.101 britânicos que confirmaram ter o hábito de beber entre os 34 e 42 anos de idade, idade em que as dores nas costas começam a surgir com maior frequência.

Os participantes fizeram exames de sangue aos 46 anos para monitorar os níveis da proteína C reativa, um marcador importante de inflamação no corpo. Altos níveis desta proteína são um sinal de alerta para um processo inflamatório dos vasos sanguíneos, tecidos e órgãos em curso, causado por infecções, doenças reumáticas, traumatismos ou tumores.


A melhor medida

Os níveis mais baixos de proteína C reativa observados no experimento foram encontrados entre os participantes com consumo baixo a moderado – que bebiam sete drinques por semana, em média –, em comparação com aqueles que não bebiam nenhuma dose ou com os que bebiam cerca de 30 drinques por semana.


Os cientistas reconhecem que o álcool é responsável por doenças graves em todo o mundo e sugerem que seu consumo seja moderado para que os benefícios sejam aproveitados sem causar dados à saúde.


“O consumo nocivo é responsável por doenças substanciais em todo o mundo. No entanto, algumas pesquisas sugerem que, em comparação com a abstinência, níveis mais baixos de bebida podem realmente ser benéficos quando se trata de inflamação”, afirma a principal autora do estudo, Rachel Visontay, pesquisadora da Universidade de Sydney, no artigo publicado na revista Drug and Alcohol Dependence.

do Metrópole

Petrobras autoriza trabalho remoto para funcionários com deficiência


Neste mês, a Petrobras deu início a uma nova política para funcionários com deficiência que poderão aderir ao trabalho remoto em tempo integral por cinco dias na semana. De casa, esse grupo de pessoas pode evitar o deslocamento até a empresa e usar tecnologias de acessibilidade, de modo a fortalecer a inclusão na rotina profissional.

Cecília de Pádua, 55, atua na área de comunicação da empresa há 19 anos. Na pandemia, com a transferência para o regime remoto, ela descobriu possibilidades do home office que facilitaram seu dia a dia. Recursos como legendagem e transcrição de áudio durante reuniões online otimizam o trabalho de pessoas que, como Cecília, têm deficiência auditiva.

"Pretendo adotar o regime remoto integral pelo conforto acústico que me oferecerá na jornada de trabalho. O trabalho remoto vai otimizar o meu desempenho da mesma maneira que otimizou o da maioria dos empregados durante a pandemia", afirma.

A iniciativa da Petrobras, ainda em caráter piloto, considerou os resultados do home office durante o período de isolamento e foi feita com base em estudos sobre demandas dos funcionários com deficiência. Liderado pelos setores de recursos humanos e de saúde, o projeto contou com o apoio de outros grupos, incluindo entidades sindicais e pessoas com deficiências diversas

A opção pelo regime remoto é voluntária, e o profissional que aderir à proposta poderá retornar ao modelo híbrido ou presencial quando preferir.

Hoje, a Petrobras tem 338 funcionários com deficiência, a maioria atuando sob regime administrativo, de 40 horas semanais. Do total, cerca de 58% já solicitaram a mudança para trabalhar de casa todos os dias da semana.

Nas plataformas, são 30 trabalhadores com algum tipo de demanda física ou sensorial que, segundo a empresa, poderão optar pelo modelo remoto em tempo integral. Nesse caso, devem negociar novas condições de trabalho com os gestores para sair das plataformas e atuar em atividades do regime administrativo.

A Petrobras diz que as ferramentas usadas no trabalho remoto facilitaram a inclusão desses trabalhadores. Além da tecnologia de transcrição usada por Cecília, pessoas com deficiência auditiva afirmam ter mais facilidade para leitura labial online, e quem tem deficiência visual usa recursos como software de leitura de textos.

Profissional de recursos humanos da petroleira há quatro anos, Tielli Fiorini, 38, também avalia positivamente a chance de trabalhar de casa. Para ela, que tem deficiência auditiva, o trabalho remoto possibilitou uma melhora na comunicação, que passou a ser feita principalmente por mensagens e emails.

Publicado em 2022, um levantamento da Work Foundation, associada à Universidade de Lancaster (Inglaterra), mostrou que 80% dos profissionais com deficiência consideram a possibilidade de trabalhar de casa como um fator essencial na busca por um novo emprego.

A maior parte dos trabalhadores com deficiência não quer voltar aos padrões pré-pandemia de regime presencial, segundo o relatório. Cerca de 66% preferem trabalhar remotamente entre quatro e cinco dias da semana.

Além de eliminar dificuldades do trajeto, o home office permite que o funcionário com deficiência tenha mais autonomia. Entre as vantagens citadas no levantamento, estão a liberdade para ajustar o espaço físico onde trabalha para torná-lo mais confortável e a privacidade para cuidar da saúde.

Para Carolina Ignarra, diretora da consultoria de diversidade Talento Incluir, a medida é importante por ter sido tomada com a participação de pessoas com deficiência. Por outro lado, ela afirma que é necessário um acompanhamento com os trabalhadores para garantir que estejam sendo beneficiados pela medida.

"É preciso pensar cuidados além das flexibilidades, como treinar as pessoas com deficiência, principalmente as que estão em início de carreira ou em posições operacionais, falar sobre como balancear as oportunidades e sobre ambição profissional", afirma.

Na Petrobras, o setor de recursos humanos realizou palestras sobre o tema e pretende fazer um acompanhamento de quem está em regime remoto.

Ignarra também alerta para o networking, que ajuda no crescimento profissional e pode ser afetado no home office, uma vez que a interação com os colegas costuma ser menor.

Para a funcionária Cecília de Pádua, o trabalho de casa não altera a relação com os demais profissionais, que atuam em regime híbrido. "Não há risco de estereotipar os empregados com deficiência por causa do home office integral. Uma prova disso é que, no nosso portal interno, choveram elogios de colegas sem deficiência à aprovação da medida", declara Cecília.

A Petrobras diz que o teletrabalho em tempo integral é uma das medidas para aumentar a inclusão. Outra proposta foi o plano de Melhoria da Acessibilidade, que implementou ações para impulsionar a diversidade, como a adaptação de espaços físicos e promoção de campanhas de conscientização.

A empresa aumentou, de 5% —exigência legal— para 8%, a reserva de vagas para pessoas com deficiência em concursos públicos.

por Metrópole

Governo Lula quer mudar regras para concursos públicos


O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda mudar as regras dos concursos públicos para incorporar instrumentos adicionais de avaliação dos candidatos e permitir o uso da tecnologia em algumas fases ou em todo o processo seletivo.

A avaliação do Executivo é que isso pode melhorar o acesso dos candidatos, ampliar a concorrência, dar segurança jurídica e permitir ao governo selecionar com maior efetividade seus funcionários.

A intenção é apoiar a discussão de um projeto de lei já aprovado pela Câmara dos Deputados e que aguarda apreciação do Senado Federal. O tema tem sido tratado em reuniões internas no Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e integra uma lista de ações que a pasta pretende colocar em marcha nos próximos meses e que inclui uma nova lei de cotas em concursos públicos.

A proposta em tramitação contempla boa parte dos objetivos do governo. Ela busca validar práticas hoje já adotadas nas seleções, mas que são alvo constante de questionamentos na Justiça, e amplia os instrumentos à disposição da administração pública para selecionar seus novos membros.

Se aprovadas, as regras valerão apenas para novas seleções. O intuito é que as diretrizes sejam aplicadas para União, estados e municípios.

O texto do projeto ainda pode sofrer modificações, mas sua versão atual permite avaliar os candidatos por seus conhecimentos, suas habilidades e suas competências. O requisito mínimo de realizar uma prova (escrita, objetiva, dissertativa ou oral) permanece, como já ocorre hoje, mas a comissão responsável pelo concurso poderá exigir outras etapas.

Na avaliação de habilidades, será possível medir a aptidão intelectual ou física para a execução de atividades do cargo, o que inclui testes físicos, elaboração de documentos e simulação de tarefas próprias do posto.

Na avaliação de competências, a ideia é analisar aspectos comportamentais por meio de entrevista, avaliação psicológica, exame de higidez mental ou teste psicotécnico.

A relação das etapas empregadas no processo de seleção será uma decisão da comissão organizadora e precisará ser comunicada de forma transparente aos candidatos.

Outro dispositivo prevê que o concurso poderá ser realizado "total ou parcialmente" a distância, de forma online ou em plataforma eletrônica, com acesso individual seguro e em ambiente controlado, desde que garantida a igualdade de acesso.

O efetivo uso da tecnologia ainda dependeria de regulamentação, que pode ser geral para cada esfera de governo ou específica por órgão. As regras precisam passar por consulta pública prévia e seguir padrões de segurança da informação. O uso ou não das ferramentas será uma escolha dos realizadores.

Segundo integrantes do governo, ainda não há hoje um modelo de sucesso estabelecido para a realização de provas a distância, com garantia de segurança para o candidato e para a administração pública, mas o intuito do Executivo é criar uma lei abrangente, que permita o uso da tecnologia no futuro caso a possibilidade se mostre viável.

Um membro do governo afirma que a legislação brasileira precisa estar preparada, uma vez que a evolução tecnológica tem sido veloz, e em pouco tempo pode surgir uma maneira segura de aplicar uma prova de forma remota sem risco de fraudes.

O ganho para a administração pública não seria necessariamente financeiro. O emprego de tecnologia para a realização de provas exige investimentos vultosos. O Enem Digital, por exemplo, foi descontinuado devido à baixa procura dos estudantes e ao custo elevado. Mas sua realização, ainda que tímida, é considerada um paradigma de que a transformação é possível.

Para o governo, a principal vantagem de realizar etapas online é ampliar a concorrência. O diagnóstico é que a administração pública pode estar prescindindo de mão de obra qualificada ou de um funcionário vocacionado para o serviço público porque essas pessoas não têm como arcar com os custos de deslocamento, hospedagem e alimentação para se submeterem às seleções. Isso cria uma espécie de barreira prévia.

Mesmo que a tecnologia seja usada apenas em algumas etapas, isso já seria um ganho em relação ao modelo atual, que obriga o candidato de fora a se deslocar repetidas vezes à medida que avança de fase no processo de seleção.

Para especialistas, a lei, se aprovada, será um avanço importante, mas a implementação das tecnologias pode se mostrar desafiadora na prática, sobretudo num país desigual como o Brasil.

"As mudanças são bem-vindas, sobretudo neste momento de avanço tecnológico, mas também é uma coisa que temos que ter atenção. Há municípios que não estão totalmente informatizados, alguns são mais analógicos", diz o presidente do Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado), Rudinei Marques.

Na avaliação do advogado Eduardo Martins, especializado em concursos públicos no escritório Schiefler Advocacia, a proposta pode modernizar os processos de seleção. Ele, no entanto, faz ressalvas quanto à segurança da operação.

"É realmente difícil garantir que a pessoa que está executando uma prova seja exatamente aquela inscrita no concurso público. Deve haver alguma fiscalização, talvez presencial, que garanta que a pessoa é quem diz ser", afirma.

O advogado Marcelo Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Constitucionalistas Democratas, diz que o texto deve assegurar a privacidade dos candidatos e condições igualitárias no processo como um todo.

"O candidato precisa ser avaliado de forma privada. Pode fazer uma entrevista virtualmente, desde que tenha mecanismos que garantam que esse processo seja indevassável. Não pode ter uma terceira parte participando. E precisa ter um mecanismo informático que garanta que não tenha um hacker ajudando o candidato", afirma.

Caso o processo não seja de fato seguro, o emprego da ferramenta poderia inclusive ampliar a judicialização, em um efeito colateral contrário ao pretendido pelo governo.

Em relação aos demais aspectos da lei, o presidente do Fonacate diz que o Brasil precisa de uma lei geral para uniformizar as regras para os concursos públicos, hoje bastante fragmentadas. "Agora, o que seria importante é uma lei geral, que obrigasse também estados e municípios", diz.

A versão atual da proposta libera estados e municípios para elaborarem normativos próprios para preencher os cargos locais. Na época da tramitação, um parecer da Câmara argumentou a necessidade de respeitar a autonomia federativa. Para Marques, isso não faz sentido, dado que os governos regionais concentram o maior contingente de servidores e cargos.

Para o advogado Eduardo Martins, o melhor seria tentar conciliar algum grau de autonomia para estados e municípios adaptarem as regras às suas peculiaridades com a necessária segurança jurídica aos processos de seleção.

"O ideal seria encontrar um meio-termo, que estados e municípios pudessem legislar sobre isso, mas que também tenham diretrizes gerais mínimas, uma legislação que traga um norte e um pouco mais de segurança", diz.

Apesar dos avanços, Figueiredo é cético quanto à capacidade de uma lei sobre concursos derrubar o índice de judicialização. Segundo ele, há etapas que envolvem subjetividade na avaliação, o que deve seguir alimentando questionamentos.

O projeto tenta afastar algumas brechas que hoje são alvo de intenso embate na Justiça, como os casos de discriminação. O texto veda de forma expressa qualquer diferenciação de candidatos com base em idade, sexo, estado civil, condição física, deficiência, etnia, naturalidade, proveniência ou local de origem.

O texto contém um dispositivo considerado um trunfo pelo governo, para o caso de as disputas judiciais perdurarem. O projeto diz que um juiz ou órgão de controle precisa considerar a realidade dos fatos na hora de analisar um pedido de impugnação de prova ou critério previsto no edital, não só a interpretação abstrata das normas jurídicas.

Na prática, a proposta tenta balizar a atuação do Judiciário para que ele considere também as consequências de cada decisão e preveja alternativas e soluções, caso a impugnação ou suspensão do processo seja de fato necessária.

por Gazeta Web