1 de setembro de 2025

Frei Dimas - Sua história e sua vida


Nasceu aos 21 de setembro de 1939, em Agrestina (PE). Era Filho Abdias Ferreira de Melo e Emília Limeira Melo. No batismo recebeu o nome de José Marleno Ferreira Melo. Ingressou na Ordem Capuchinha aos 20 de fevereiro de 1951, como membro do Seminário Serápico Dom Vital, em Bom Conselho (PE), tendo como diretor o Frei Crispim de Massa. Em 7 de dezembro de 1955 foi revestido do burel capuchinho e a 8 de dezembro de 1956 emitiu a promissão temporária. 


A promissão perpétua tê-la aos 22 de agosto de 1960 no Convento de São Sebastião, em Parnaíba (PI), nas mãos de Frei Inocêncio de Pacoti (delegado do ministro provincial. Foi ordenado sacerdote em 22 de fevereiro de 1964 em Caruaru (PE). Fez o curso Ginasial no Seminário Serápico Dom Vital em Bom Conselho (PE), concluiu o curso de Filosofia no Seminário Maior dos Capuchinhos da então Custódia Geral de Pernambuco em 1959 e depois cursou a Teologia em Parnaíba (PI). 

Serviços realizados na província: Professor, Vigário Paroquial (Bom Conselho – PE), Administrador Paroquial (Catolé do Rocha – PB), Vigário da Fraternidade (Ouricuri – PE), Coordenador do Eremitério Santa Maria dos Anjos (Serrinha da Prata – Saloá – PE), desgranido provincial (1987-1989). Conhecido como artista dedicado aos trabalhos com pedra e vitrais. 

São de sua autoria as imagens de São Francisco e Santa Clara dos claustros dos conventos de Maceió (AL), Caruaru (PE), Natal (RN) bem como as imagens dos santos de Assis, existentes em Canindé (CE). Encontram-se trabalhos seus nas catedrais de Campina Grande (PB) e Palmares (PE), e na igreja conventual de Caruaru (PE), Seminário São José em Garanhuns (PE), entre outros lugares. Organizou a BOMPEDRARTE, associação de artistas que trabalham com pedras, em Bom Conselho (PE). 

Também era poeta e diretor teatral. Era muito devotado a Província e gostava de expressar suas opiniões em todos os assuntos que se referiam à vida e a caminhada da circunscrição. Trago em minhas mãos e no coração a história que pulsa em Bom Conselho, a Banda Marcial Frei Dimas, um tesouro que clama, em um hino de saudade e esperança, por seu merecido lugar como Patrimônio Cultural Imaterial de Bom Conselho, bem como as suas obras na cidade que podemos lembrar uma delas na fonte luminosa da Praça Pedro II que ele deu o nome das três raças (preto, branco e o índio) e também ele tem o reconhecido título de cidadão honorário. 

 As suas obras estão sendo catalogadas por Frei Heleno e Bartolomeu e elas tem em todos os estados do Nordeste, no Amazonas e no Paraná. A Banda Marcial Frei Dimas, é um capitulo a parte, mais do que música; é o sopro da vida que atravessa gerações, é o abraço terno do passado que nos aquece no presente e a promessa de um futuro que ressoa em nossos corações. Desde sua fundação em 1968, há 57 anos que ela tece a tapeçaria de nossa identidade, um legado que floresceu sob o olhar terno e a dedicação incansável de Frei Dimas. 

Ele não apenas sonhou com uma banda, mas infundiu nela a alma de uma comunidade, transformando notas e ritmos em um sentimento coletivo de pertencimento, em um amor profundo que só a arte é capaz de despertar. Foi em 1968 que essa jornada sonora teve início, com a coragem e a paixão de 18 integrantes (bombos – 2, pratos – 1, taróis – 3, caixas – 3, surdos – 3 e cornetas – 6) e em 1969 com 28 integrantes (bombos – 4, pratos – 4, taróis – 4, caixas – 4, surdos – 4, cornetas – 6 e cornetões – 2), que com seus instrumentos, lançaram as bases de um legado que ecoa em nossos corações até hoje. Um momento crucial que moldou a identidade da banda ocorreu em 1967. No ano da fundação do Colégio Estadual Frei Caetano de Messina, os alunos tiveram a oportunidade de assistir ao desfile de 7 de setembro em Garanhuns. 

Foi nesse contexto que Frei Dimas, ao observar atentamente a forma de marchar do 71º Batalhão de Infantaria do Exército, inspirou-se profundamente. Essa observação o levou a implementar, no ano seguinte, em 1968, uma mudança significativa na forma de marchar tanto da banda marcial quanto dos próprios alunos, estabelecendo um padrão de disciplina e execução que se tornaria uma marca registrada. E quem poderia esquecer a magia de 1969? Naquele ano, enquanto o mundo assistia maravilhado à chegada dos astronautas à Lua, onde seis alunos (3 na base e 3 astronautas - que levavam nos ombros dos da base) com os repiques da Banda Marcial Frei Dimas protagonizaram uma performance inesquecível, simulando este momento histórico. 


A cidade inteira se reuniu, aplaudindo e se encantando com a criatividade e a precisão dos estandartes, em uma demonstração clara do espírito inovador e da capacidade de engajamento da banda com os grandes eventos da humanidade. Um dos momentos mais emblemáticos dessa trajetória ocorreu em 25 de outubro de 1970, quando o Estádio Rei Pelé, em Maceió, foi inaugurado. Nesse dia histórico, a Banda Marcial Frei Dimas teve a honra de se apresentar no gramado do estádio, emocionando a todos os presentes e, em especial, o governador Lamenha Filho, que, encantado com a performance, aplaudiu a apresentação de pé. 


Este evento não só demonstrou a excelência da banda em um palco de grande projeção nacional, mas também cimentou sua reputação como uma das mais talentosas e emocionantes do país. Reforçando seu pioneirismo, na década de 1970, a banda vivenciou outra importante inovação com a introdução das balizas, figuras que adicionaram um novo elemento visual e de coreografia às apresentações. Essas balizas eram elegantemente comandadas pela dedicada professora Leda, cujo trabalho contribuiu significativamente para o aprimoramento e a beleza das performances. 


 Vale a pena inserir que a Banda teve, também, um papel fundamental na formação dos participantes, principalmente, pela disciplina e geração de talentos. Essa formação vai além das partituras; ela molda cidadãos, ensina o valor do esforço conjunto, da responsabilidade e da busca pela excelência. Muitos jovens encontraram na Banda não apenas um espaço de aprendizado musical, mas um caminho para a vida, descobrindo talentos e desenvolvendo habilidades que os acompanhariam em diversas esferas, tanto artísticas quanto pessoais. 


Em Bom Conselho, a expectativa para o desfile da Banda Marcial Frei Dimas no dia 7 de setembro é um ritual sagrado, um momento em que o tempo se curva à beleza e a multidão se une em um só abraço de afeto, reverenciando a história, a disciplina e a arte que emanam de cada instrumento. Cada nota tocada é um Þo de ouro que tece a memória afetiva de nossos pais, avós e de nós mesmos, um testemunho do impacto indelével que a banda gravou em nossa alma. E essa magia sonora, essa marca registrada que encanta com que ecoa, transcende nossas fronteiras. 


Em cada apresentação, em cada cidade que visitamos, seja em Pernambuco ou em Alagoas, a Banda Marcial Frei Dimas se revela em sua singularidade: a arte sublime de executar fanfarras com uma maestria que dispensa o uso de instrumentos de pisto. Essa proeza, que fala de genialidade e de um amor incondicional pela música, é um feito que merece ser eternizado em nível estadual. Recordo-me com o coração acelerado de 1977, quando a Banda Marcial Frei Dimas teve a honra de abrir o desfile de 7 de setembro em Garanhuns, e em seguida, com a mesma maestria, abrir o desfile em nossa querida e amada Bom Conselho. Esses momentos foram marcos de reconhecimento e orgulho, onde a banda demonstrou sua força e a admiração que conquistou. 


Esses desfiles são mais do que apresentações; são a manifestação de um respeito conquistado, de uma admiração que transcende o tempo e que nos emociona profundamente é um abraço da cidade à sua banda, um selo de honra que garante que seu legado, sua emoção e sua história sejam eternizadas. 

O reconhecimento oficial das suas obras e a banda Marcial Frei Dimas como Patrimônio Cultural Imaterial de Bom Conselho e o Título de Cidadão Honorário de Bom Conselho é o espelho de nossa cultura, um ato de justiça e amor, concretizado, E para coroar essa trajetória de devoção e memória, um ato de profunda significância: dia 12 de outubro de 2025, a Associação dos ex-alunos da Escola Frei Caetano de Messina e a comissão organizadora realizará o translado dos restos mortais de Frei Dimas do Convento de Nossa Senhora da Penha no Recife para o Mausoléu Frei Dimas, localizado na Igreja do Convento São Fidélis de Sigmaringa, em Bom Conselho. 


Este evento, que une a comunidade em um gesto de carinho e gratidão, reforça ainda mais a importância de preservar a memória e o legado deste homem inspirador, cujos feitos ressoam através da sua história. Frei Dimas para sempre!

por Antiógenes José Freitas Cordeiro

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