Quando ainda era adolescente, ouvia de minha mãe a seguinte exclamação: cuidado, filho, com o choro de crocodilo! Naquele momento, não entendia bem o que ela queria me dizer na verdade. O tempo passou, cresci, amadureci, vivi momentos fortes, aprendi aos 16 anos de idade a ser dono de mim mesmo e lutar de maneira precoce e com entusiasmo para ser alguém na vida. Passado esse tempo todo, diante das experiências que a vida me propôs, hoje, entendo e vejo na minha frente o significado do "choro de crocodilo".
Todo virginiano, é observador. Todo virginiano tem uma essência de observação apurada. Existe um ato na vida que você pode entender a essência desse tipo de choro. Num velório ou enterro, por exemplo, a gente se depara com pessoas naquele choro, naquele desespero, naquela angústia, por perder um ente querido, etc. e tal., pois bem, é ali, naquele momento, que você descobre quem realmente está chorando com sentimento de verdade.
Quando morre uma pessoa do sexo masculino e que por ventura tenha sido casado, os próprios amigos que vão ao velório, ficam de olho logo na viúva, querem saber se é nova, se é bonita, se ficou rica, etc. E num é que muitas vezes, na semana seguinte, aquela viúva que tanto chorava ao lado do caixão do marido, logo, é flagrada com as amigas em plena curtição?
Ai pergunto a você, meu caro leitor, que tipo de choro era esse? Num era o famoso choro de crocodilo?
Quando um pai de família morre (não vem ao caso o motivo da morte), e deixa muitos bens para a família, ou não deixa nada, no velório é aquela outra ladainha... Ah, meu Deus, por que levou meu pai? Ah, meu Deus por que levou um homem tão bom? Ah, meu Deus por que fez isso com nossa família? Enfim, são vários os tipos de exclamações... Na semana seguinte ou no mês seguinte, aqueles mesmos que estavam tão sentimentais pela morte do pai ou da mãe, chorando ao lado do caixão, são flagrados tomando todas e dançando na boquinha da garrafa. Pergunta-se, que tipo de choro era aquele? Num era o choro de crocodilo?
Quando morava em Alagoas, fui ao velório de um político muito conhecido na região. A casa estava entupida de gente. Pessoas que nunca vi na minha vida, mas, estavam lá. Era um choro danado... Uns diziam: Que vida ingrata, levou meu grande amigo, pai da pobreza, um homem generoso que servia a todos (realmente o político foi um sujeito que muito ajudou a pobreza), mas, muitos que ali choravam ao lado do caixão, não era por sentimento de respeito, mas, por que perdeu aquela "velha boquinha" de todo mês. O choro era por que não teria mais o camarada que pagava a conta da luz, da água, do aluguel, enfim, não seria mais alimentado aquele vício de pedinte. Pergunto, que tipo de choro era aquele?
Não era o conhecido "choro de crocodilo"?
Pois é amigos, tenham muito cuidado com pessoas desse tipo. Nem todo olho que chora, sai lágrimas. Para finalizar, leio a frase de Mário Quintana, que diz: "Por que será que a gente vive chorando os amigos mortos e não aguenta os que continuam vivos"?
Chega de hipocrisia! Chega de gente mesquinhas e covardes perto de nós! Seja esperto! Nem todo mundo que pede água para beber na sua casa, está com sede. Pense nisso!
